A terra sempre passou por mudanças climáticas que por vezes esquentaram mais o planeta e em outras o tornaram mais frio.
Muitos estudos indicam que as ações humanas são as principais responsáveis pelo aquecimento atual do planeta.
Mas até que ponto nossa espécie é
realmente culpada? Será que não estamos enfrentando mais um ciclo
natural de mudanças no clima?
Não são perguntas fáceis de responder
até porque não temos dados suficientes de épocas passadas, porém nos
últimos 200 anos temos lançado uma quantidade enorme de gases que causam
o aquecimento do planeta (efeito estufa) e esse fato é por demais
preocupante.
Os estudos em ecossistemas florestais
são de grande importância, já que as plantas interagem constantemente
com a atmosfera, através da fotossíntese, utilizando o gás carbônico
(CO2), para o seu crescimento.
As pesquisas vêm demonstrando a
grande importância da conservação das florestas para regulação do clima,
já que as mesmas estocam grandes quantidades de carbono. Quando são
queimadas ou derrubadas, lançam enormes quantidades de CO2 na atmosfera,
juntamente com o solo que ficou exposto, pois o mesmo também possui
muito carbono armazenado.
Florestas mais antigas e preservadas
tem grandes quantidades de carbono, principalmente nas grandes árvores.
Ao mesmo tempo, as mais novas, que ainda estão se desenvolvendo, possuem
uma enorme capacidade de retirar carbono da atmosfera e fazem isso com
extrema eficiência justamente pelo fato de estarem crescendo e
'engordando'.
Para um melhor entendimento deste
assunto, a pesquisa que estamos realizando desde 2007, na região centro
sul do estado, tem revelado dados preliminares bastante interessantes
quanto á diferença de carbono estocado em cada uma das três florestas
que estão sendo estudadas. Na área mais preservada, com idade acima de
80 anos, encontramos um estoque de carbono quase seis vezes maior que
numa floresta de 25 anos, e cerca de quatro vezes maior que numa
floresta de 50 anos. O próximo passo será investigar o quanto de carbono
essas florestas estocam por ano, para podermos entender a real
importância desses ecossistemas num cenário de mudanças no clima.
Muitas perguntas ainda precisam ser respondidas, entre elas:
Até que ponto as florestas podem se
beneficiar do excesso de CO2 na atmosfera? Qual será a resposta desses
ecossistemas com o aumento da temperatura? Será que os serviços que
essas florestas prestam aos seres humanos serão impactados com um
planeta cada vez mais quente?
Investir cada vez mais em pesquisa é
uma das soluções para podermos entender melhor o funcionamento dos
ecossistemas e tentar prever o quanto seremos afetados pelos extremos
climáticos.
Enfim, conservar as florestas
remanescentes e criar amplos projetos de reflorestamento serão sempre
ações positivas, seja pela importância desses ecossistemas para a
sociedade humana ou pelo enorme compromisso que temos para com as
gerações futuras.
Ângelo Mendonça - Biólogo, pós
graduado em Análise Ambiental. Pesquisador científico e professor do
Instituto Zoobotânico de Morro Azul (IZMA). CRBio: 42.045/02. Contato:
mendonca.angelo@gmail.com
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