O experimento Roda de Nelder, desenvolvido pela
Embrapa Gado de Corte na Fazenda Nova Brilhante, sede da Ramires
Reflorestamentos em Ribas do Rio Pardo (MS), foi a Estação IV do 1º Dia de Campo Florestal – Sistemas Silvipastoris, realizado nesta quinta-feira (8/12).
Na visita à Estação, os participantes puderam observar o desenvolvimento
de três espécies de capim em 18 diferentes condições de sobra e
densidade da floresta, cujas árvores têm três anos e meio de idade.
O pesquisador Valdemir Antonio Laura, um dos responsáveis pelo
experimento, relata que os três capins em avaliação são o Massai, a
Brachiaria Brizantha Piatã e a Brachiaria Brizantha Marandu e já é
possível observar resultados. “O que a gente observou é que, até 500
árvores por hectare, o melhor capim é o Massai. Acima de 500 árvores por
hectare, o melhor é a Piatã”, informa o pesquisador.
“O resultado que a gente tem até agora é o de produção de capim. O teste
de qualidade está sendo feito, com relação a teor de proteína, a
digestibilidade, mas não está pronto ainda. Com relação às árvores, a
gente só tem três anos e meio de avaliação e é necessário avaliar com
sete, oito, dez e doze. Então não dá pra falar muita coisa ainda”,
completa Valdemir.
De acordo com o pesquisador, a pesquisa continua por pelo menos mais
sete a oito anos. O próximo item a ser avaliado será o microclima. “É o
que nós vamos começar a avaliar, que é relacionado ao bem estar animal.
Como o experimento é para sistema silvipastoril, temos que pensar no boi
e na vaca que vão ficar na sombra. Então, vamos avaliar os resultados
de umidade relativa, temperatura e vento”, informa.
Conhecimento
Para Valdemir, o dia de campo foi uma grande possibilidade de consolidar
na prática as informações levadas ao produtor. “Neste experimento aqui,
nosso propósito é responder a duas perguntas básicas. Primeiro: quantas
árvores por hectare? E aqui o participante pode olhar e ver. Nós temos
18 variações de quantidade de árvore por hectare, que vão de 1.300 até
180 árvores por hectare. E a segunda pergunta: que capim? E nós temos
três capins nessas várias densidades. Então o produtor pode olhar e
observar qual o capim que está mais bonito e sentir o efeito da sombra,
porque ninguém quer parar no sol”, brinca.
“O dia de campo traz muito conhecimento, muita informação,
principalmente para quem quer entrar no mercado. E a gente também ganha
conhecimento com as pesquisas da Embrapa, um trabalho muito bem feito, e
tem muita gente da pecuária que quer informação sobre o silvipastoril. E
importante também é a troca de experiências, porque cada um tem um
sistema, está experimentando uma coisa, diferente do outro, então vamos
‘trocando as figurinhas’ e acertando mais”, comenta o produtor Geraldo
Mateus Reis, do Grupo Mutum, de Ribas do Rio Pardo.
O produtor destaca ainda a importância da informação para possibilitar a
diversificação de atividades. “É muito importante um evento assim,
porque ajuda não só quem já está no setor florestal, mas também quem é
da pecuária. Em Ribas do Rio Pardo, por exemplo, predomina a pecuária, e
numa atividade assim, a gente pode ver que dá pra ter outras
atividades, e agregar valor, gerar emprego, não ficar numa atividade só.
E ainda ajuda a recuperar o solo e conservar o meio ambiente”, conclui
Mateus Reis.
Techs é a sigla para “Tolerância de Clones de Eucalipto a
Estresses Hídrico e Térmico”. Térmico, basicamente, a gente quer dizer
geada.
Há muito tempo a gente sabe que há uma diferença muito grande no
comportamento dos clones pelo Brasil, tanto é que cada região tem o seu
clone predileto. Só que o entendimento de porque é que este clone aqui é
melhor que o outro clone, e na outra região o outro clone é melhor do
que este, ainda é desconhecido da comunidade científica. A gente sabe
que é uma relação genética e interação genótipo/ambiente. E por que é
importante conhecer isso? É importante conhecer porque se eu entender o
que é que faz esse clone ser superior ao outro nessa região, eu posso
usar esse conhecimento como uma ferramenta de melhoramento genético.
Então para essa região eu vou procurar essa característica para os
clones futuros. Então isso dá um potencial de acelerar o nível de
seleção de material no Brasil e de produtividade. Do ponto de vista do
conhecimento da produtividade no Brasil, e com o tamanho que o país tem
de área, pra gente mapear o Brasil, fazer um zoneamento em termos de
produtividade, nós precisamos dizer: você quer a produtividade do Brasil
mapeada para que clone? Então fica difícil responder, porque é muito
variável depender do clone. Com esse conhecimento que o Tech vai
propiciar, nós vamos poder fazer esses mapeamentos do Brasil. Então, o
que é o Techs? O Techs é uma composição de 26 empresas florestais do
Brasil, que vão instalar, em 2011-2012, 34 ensaios pelo Brasil todo,
indo desde o Pará, com a Jari Florestal, até, na verdade, o Uruguai.
Duas empresas do Uruguai entraram no projeto, então nós temos Rio Grande
do Sul e Uruguai. Então passando por todos os estados que vão desde o
Pará até o Uruguai, nós vamos ter os clones mais plantados no Brasil, os
18 clones mais plantados no Brasil em todos esses locais.
E o que é que
vai acontecer? Vai acontecer que, à medida que nós formos conhecendo
como é que esses clones se desenvolvem em todo o território nacional – e
ao longo desse período nós vamos determinar porque é que esse clone
está crescendo mais ou menos em cada local, medindo não só o diâmetro e
altura das árvores, mas também o índice de área foliar, a alocação de
carbono para a raiz e o crescimento do sistema radicular – ao final nós
vamos ter ferramentas de tomada de decisão silvicultural e tomada de
decisão de melhoramento que vão ser tremendas. Então a gente está
entendendo que realmente vai poder criar um novo patamar de conhecimento
na silvicultura nacional. Porque hoje as empresas trabalham de certa
forma isoladas, fazendo os seus mapeamentos de produtividade, mas esse
está sendo um verdadeiro projeto integrador, onde 26 empresas,
concentrando esforços, através do Ipef, que é o Instituto [de Pesquisas
Florestais] que está coordenando esse trabalho, de responder de uma vez
só para os melhores clones do Brasil, os 18 melhores clones do Brasil,
as suas habilidades em respostas ambientais, que a gente chama de
interação genótipo-ambiente. Então esse é o Projeto Tchs, em pouco tempo
vai ter uma home page, já está sendo preparada, e a gente gostaria até
de fazer uma chamada, porque esse projeto nós estamos chamando de
Plataforma Experimental. Qualquer pesquisador do Brasil, de qualquer
universidade, é bem-vindo a integrar esse projeto e participar num
desses ensaios que seja mais próximo à sua universidade. É um projeto
aberto, que busca conhecimento brasileiro (e uruguaio também) sobre
eucalipto e sua relação com o ambiente.
Painel Florestal - Em quanto tempo nós vamos ter resultados preliminares?
José Luiz Stape - Bem, os plantios basicamente vão ser
feitos de janeiro a março e eu acredito que em meia rotação, que seria
basicamente em três anos, sairiam os primeiros resultados mais palpáveis
do projeto. Falar alguma coisa muito precocemente, com um, dois anos,
seria muito cedo, mas na meia rotação – isso seria então em 2016 –
acredito que nós já vamos ter resultados bastante concretos do que está
acontecendo com esses materiais no Brasil e no Uruguai.
Painel Florestal - Toda a condução dessas florestas vai ter o mesmo padrão de tratamento, adubação...
José Luiz Stape - Isso. O projeto se baseia em estudar a
variabilidade climática e edáfica em termos de qualidade física do
solo. O Brasil tem uma tecnologia de fertilização bastante avançada.
Então, hoje em dia a fertilização não é mais um elemento de dúvida. As
empresas basicamente sabem adubar, e vários testes têm mostrado que elas
estão adubando muito bem. Não está tendo resposta se você colocar mais
fertilizante do que o usado comercialmente. Então, houve um nivelamento,
todas as áreas vão ter o mesmo nível de fertilidade, ou seja, garantir
que a planta não esteja em estresse nutricional, e o estudo se concentra
então no estresse hídrico e térmico, de que a gente não tem controle. E
aí, a genética tem um papel fundamental, porque é a única forma de
contornar o estresse hídrico e e térmico. E é por isso que nós temos que
entender como é que a genética trabalha.