Indicações
para escolha de espécies de Eucalyptus
Texto produzido pela Acadêmica Aline Angeli
Supervisão e orientação do Prof. Luiz Ernesto George Barrichelo e do Eng. Paulo
Henrique Müller
Atualizado em 14/12/2005
A madeira de eucalipto é utilizada para o abastecimento da maior
parte da indústria de base florestal no Brasil. Em 2004, de acordo com
relatório da Bracelpa, foram consumidos pelo setor de celulose e papel
34.113.000 m³ de madeira proveniente de reflorestamento com eucalipto,
2.475.000 m³ pelo setor de geração de energia e 340.000 m³ pelo setor de
serraria.
Além dos setores industriais, existe grande consumo de madeira, em
pequena escala, que não é devidamente quantificado, mas que quando somado
representa significativa parcela do consumo total. Trata-se do consumo
doméstico de madeira, principalmente como lenha. Segundo Mata (2000), a crise
de oferta de lenha no meio rural é resultado da falta de estudos sobre
regulação da produção em função do manejo dos estoques remanescentes e a
implantação de florestas para produção de madeira para lenha nas pequenas
propriedades. Acrescenta-se, ainda, que a floresta implantada em pequenas
propriedades pode ser utilizada para outros fins, como obtenção de moirões para
cerca, estacas, cabos de ferramentas etc.
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira, tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores, está relacionada a algumas
vantagens da espécie, tais como rápido crescimento; características silviculturais
desejáveis (incremento, forma, desrama etc.); grande diversidade de espécies,
possibilitando a adaptação da cultura às diversas condições de clima e solo;
facilidades de propagação, tanto por sementes como por via vegetativa; e
possibilidades de utilização para os mais diversos fins, o que justifica sua
aceitação no mercado. Às características desejáveis citadas, somam-se o
conhecimento acumulado sobre silvicultura e manejo do eucalipto e ao
melhoramento genético, que favorecem ainda mais a utilização do gênero para os
mais diversos fins.
Apesar de serem descritas cerca de 700 espécies do gênero
Eucalyptus, os plantios são restritos a poucas espécies, podendo-se citar,
principalmente, Eucalyptus grandis, E. urophylla, E. saligna,
E. camaldulensis, E. tereticornis, E. globulus, E.
viminalis, E. deglupta, E. citriodora, E. exserta, E.
paniculata e E. robusta. Ressalta-se que, no Brasil, as espécies E.
cloezina e E. dunnii são consideradas promissoras para as regiões
central e sul, respectivamente.
A possibilidade de uso da madeira de eucalipto para diversos fins
tem estimulado a implantação de florestas de uso múltiplo. Dessa forma, muitos
estudos estão sendo realizados para melhor se aproveitar o potencial econômico
da floresta, destacando-se melhoramento de material genético e manejo
silvicultural (teste de espaçamentos, idade de corte e técnicas
silviculturais). De modo geral, com o uso múltiplo, pretendem-se obter de uma
área implantada variados tipos de produtos, ou seja, diferentes finalidades para
uma mesma floresta. Maiores esclarecimentos sobre o uso múltiplo de eucalipto
podem ser obtidas no endereço http://www.tume.esalq.usp.br/.
Escolha da espécie
A definição da espécie a ser plantada é a primeira etapa de um
projeto de reflorestamento, levando-se em consideração o objetivo da produção
(uso da madeira) e as condições edafoclimáticas (solo e clima) da região. Cada
espécie se desenvolve em um ambiente adequado e por isso é indicado, sempre que
possível, realizar testes para averiguar a adaptação do material ao ambiente,
tanto para sementes quanto para clones. Entretanto, se não for possível a
realização de testes, e tampouco houver dados experimentais da região,
sugere-se que a escolha do material genético seja feita a partir de
procedências cujas condições de origem sejam semelhantes ao local do plantio,
sobretudo latitude, altitude, temperatura média anual, precipitação média
anual, déficit hídrico e tipos de solos.
O mercado consumidor é um aspecto fundamental durante o
planejamento do projeto de reflorestamento. É importante conhecer as exigências
do mercado quanto à característica do produto, assim como as técnicas que
otimizam a relação custo/benefício. A obtenção de maior retorno econômico
depende da escolha adequada da espécie. Ainda sobre mercado consumidor,
sugere-se que sejam avaliadas as distâncias entre a área de plantio e as
unidades de beneficiamento ou utilização, pois o custo de transporte é um dos
componentes mais caros do preço da madeira.
Abaixo segue uma relação de espécies de eucalipto indicadas em
função dos usos, do solo e do clima.
Espécies de eucalipto indicadas em função do uso:
• Celulose: E. alba, E. dunnii, E. globulus, E. grandis,
E. saligna, E. urophylla e E. grandis x E. urophylla (híbrido).
• Lenha e carvão: E. brassiana, E. camaldulensis, E.
citriodora, E. cloeziana, E. crebra, E. deglupta, E. exserta, E. globulus, E.
grandis, E. maculata, E. paniculata, E. pellita, E. pilularis, E. saligna, E.
tereticornis, E. tesselaris e E. urophylla.
• Serraria: E. camaldulensis, E. citriodora, E.
cloeziana, E. dunnii, E. globulus, E. grandis, E. maculata, E. maidenii, E.
microcorys, E. paniculata, E. pilularis, E. propinqua, E. punctata, E.
resinifera, E. robusta, E. saligna, E. tereticornis e E. urophylla.
• Móveis: E. camaldulensis, E. citriodora, E. deglupta,
E. dunnii, E. exserta, E. grandis, E. maculata, E. microcorys, E. paniculata,
E. pilularis, E. resinifera, E. saligna e E. tereticornis.
• Laminação: E. botryoides, E. dunnii, E. grandis, E.
maculata, E. microcorys, E. pilularis, E. robusta, E. saligna e E.
tereticornis.
• Caixotaria: E. dunnii, E. grandis, E. pilularis e
E. resinifera.
• Construções: E. alba, E. botryoides, E. camaldulensis,
E. citriodora, E. cloeziana, E. deglupta, E. maculata, E. microcorys, E.
paniculata, E. pilularis, E. resinifera, E. robusta, E. tereticornis e
E. tesselaris.
• Dormentes: E. botryoides, E. camaldulensis, E.
citriodora, E. cloeziana, E. crebra, E. deglupta, E. exserta, E. maculata, E.
maidenii, E. microcorys, E. paniculata, E. pilularis, E. propinqua, E.
punctata, E. robusta e E. tereticornis.
• Postes: E. camaldulensis, E. citriodora, E. cloeziana,
E. maculata, E. maidenii, E. microcorys, E. paniculata, E. pilularis, E.
punctata, E. propinqua, E. tereticornis e E. resinifera.
• Estacas e moirões: E. citriodora, E. maculata e E.
paniculata.
• Óleos essenciais: E. camaldulensis, E. citriodora, E.
exserta, E. globulus, E. smithii e E. tereticornis.
• Taninos: E. camaldulensis, E. citriodora, E. maculata,
E. paniculata e E. smithii.
Espécies de eucalipto indicadas em função do clima:
• Úmido e quente: E. camaldulensis, E. deglupta, E.
robusta, E. tereticornis e E. urophylla.
• Úmido e frio: E. botryoides, E. deanei, E. dunnii, E.
globulus, E. grandis, E. maidenii, E. paniculata, E. pilularis, E. propinqua,
E. resinifera, E. robusta, E. saligna e E. viminalis.
• Subúmido úmido: E. citriodora, E. grandis, E. saligna,
E. tereticornis e E. urophylla.
• Subúmido seco: E. camaldulensis, E. citriodora, E.
cloeziana, E. maculata, E. pellita, E. pilularis, E. pyrocarpa, E. tereticornis
e E. urophylla.
• Semiárido: E. brassiana, E. camaldulensis, E. crebra,
E. exserta, E. tereticornis e E. tessalaris.
Espécies de eucalipto indicadas em função do solo:
• Argilosos: E. citriodora, E. cloeziana, E. dunnii, E.
grandis, E. maculata, E. paniculata E. pellita, E. pilularis, E. pyrocarpa, E.
saligna, e E. urophylla.
• Textura média: E. citriodora, E. cloeziana, E. crebra,
E. exserta, E. grandis, E. maculata, E. paniculata, E. pellita, E. pilularis,
E. pyrocarpa, E. saligna, E. tereticornis e E. urophylla.
• Arenosos: E. brassiana, E. camaldulensis, E. deanei,
E. dunnii, E. grandis, E. robusta E. saligna, E. tereticornis e E. urophylla.
• Hidromórficos: E. robusta.
• Distróficos: E. alba, E. camaldulensis, E. grandis, E.
maculata, E. paniculata, E. pyrocarpa e E. propinqua.